Não fique na dúvida: veja alguns mitos e verdades sobre vinhos

mitos e verdade sobre vinhos

O universo dos vinhos é cheio de detalhes e de informações e sempre é possível aprender coisas novas que irão melhorar o seu consumo. Detalhes simples às vezes podem modificar a forma de degustar a bebida e por isso mesmo é importante desmistificar alguns fatos sobre o consumo de vinhos.

Para nos auxiliar nessas informações conversamos com dois especialistas: Lua Sampaio e Didu Russo. Lua é sommelière de vinhos formada pela ABS-SP. Trabalha na área de restaurantes desde 2012. Foi garçonete, bartender, maitre, gerente, consultora, e agora tem um bar de vinhos chamado Flua na garagem de casa, onde só trabalha com vinhos e produtos de pequenos produtores. Já Didu é colunista de vinhos e editor do site didu.com.br, ele escreve sobre o assunto desde 1992 e hoje é vice-presidente da Confraria dos Sommeliers, projeto que ele idealizou e fundou em 1999 e que reúne os melhores Sommeliers de São Paulo todos os meses, para degustar vinhos às cegas e avaliar o que há de melhor no mercado.

Com essas credenciais estamos prontos para tirar as suas dúvidas, vamos lá:

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Rolha de cortiça, rolha sintética ou screw cap: os diferentes tipos de vedação devem ser levados em conta na hora de escolher um vinho?

Sim e não

Calma, vamos explicar. Segundo Didu Russo, “as cortiças são certamente o melhor material para vedação do vinho, isso por que o oxigênio contido nela tem a quantidade perfeita (40 milhões de moléculas de oxigênio por cm3), para que o vinho tenha a super micro oxigenação que ele precisa para evoluir enquanto a história vai passando pelo lado de fora da garrafa”. Porém, mesmo assim ele reforça que nenhuma dessas rolhas interferem no sabor do vinho.

Russo inclusive reforça que muitas pessoas acabam tendo preconceito com os vinhos com screw cap, isto é, a tampa de rosca, porém isso não interfere no vinho e essa é uma excelente opção de vedação.

Para você não ter dúvidas na hora da compra, Lua Sampaio esclarece: “Hoje em dia, mesmo as rolhas sintéticas já tem a possibilidade de micro-oxigenação. Deixam entrar um pouquinho de oxigênio na garrafa, fazendo o vinho evoluir. Elas não mudam o sabor do vinho, então pode comprar sem medo. Se o vinho não estiver equilibrado e bem feito é por conta do produtor e não da rolha”.

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Vale a pena investir em um decanter?

Sim

“O decanter tem uso duplo, ele serve tanto para aerar o vinho, usar o oxigênio para abrir os aromas, como para decantar vinhos que têm sedimentos, também conhecido como borras”, explica Lua Sampaio. “Tem decanters com preço acessíveis, então acredito que vale a pena ter um sim”.

Russo também é da mesma opinião e explica que “um decanter é sempre bom para quase todos os vinhos. A razão é que ele ao gerar um vinho o vinho se abre e oferece maior complexidade do que o mesmo vinho não decantado. Porém, isso pode ser feito numa jarra de vidro mesmo. O mais importante é ter uma superfície larga para maior área de contato do vinho com o oxigênio”.

Para te auxiliar na hora de usar um decanter em casa, vale seguir as dicas de Lua: “quando abrimos um vinho e não sentimos tanto aroma, dizemos que ele está ‘fechado’. Essa é a hora de usar o decanter. Primeiro é necessário ‘avinhar’. Jogar um pouquinho de vinho, e passar por todo o decanter. Esse pouquinho você joga fora. Depois coloca o restante e gira algumas vezes. Caso seja um vinho mais antigo, ou que tenha sedimentos, você avinha e depois coloca no decanter, sem girar. Naturalmente os sedimentos vão para o fundo do decanter, só ficar de olho”.

Vinho bom é vinho caro?

Não

Esse é um mito clássico de que os vinhos bons são apenas os mais caros, porém Dudi Russo explica que “você precisa ter conhecimento, experimentar e ter mente aberta. Conhecer as castas, seu gosto pessoal para vinho e conhecer as uvas correlatas às que você mais gosta é fundamental para isso. Sem dúvida é possível fazer boas escolhas com preços acessíveis, o mercado está repleto de bons vinhos que dão prazer e satisfazem ao consumidor e que custam menos de R$ 50,00”.

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A taça faz diferença na hora de beber um vinho?

Sim

As taças fazem diferença na hora de consumir um vinho sim, porém Dudi Russo fez questão de explicar que isso não é fundamental. “A taça correta faz diferença, pois ela foi projetada para a expressar da melhor forma os aromas e sabores daquela casta. As uvas têm diferentes aromas, e esses aromas têm diferentes pesos na volatilidade. Assim, vinhos florais por exemplo precisam de taças de bojos mais longos e boca mais fechada, para aprisionar esses aromas para nossa melhor percepção. Já os aromas mais pesados precisam do inverso, bojo mais largo e boca mais aberta pelo mesmo motivo. Também na boa o vinho na taça correta se expressa melhor. Para um leigo isso parece tolice, mas não é não”.

Mas ele esclarece: “é fundamental se ter em conta que se trata de um preciosismo de experts que querem aproveitar ao máximo determinado vinho especial. Para o dia-a-dia, basta uma taça com bom bojo e pronto. Para vinhos cotidianos em Bar-in-Box por exemplo, ou os abaixo de 50 paus, para o dia-a-dia pode-se bebê-lo até mesmo num copo americano”.

Lua Sampaio também acredita nessa liberdade para o consumo: “A escolha da taça faz diferença na hora da degustação, mas são detalhes muito sutis. Uma taça de bojo médio atende a todos os tipos de vinho. Ou a taça conhecida como ISO, que é a taça mundial de degustação. Minha única recomendação é que as pessoas parem de usar a taça flute, aquela alta e fina, usada para espumantes, a boca dela é muito fina e nivela por baixo todos os espumantes, já que o contato com o oxigênio é mínimo, não deixando os aromas serem revelados. Mas se quiser usar, pode. Quer colocar gelo? Coloca. Vinho tinto super gelado? Pode também. O importante é ter um momento que te agrade”.

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Há alguma recomendação na hora de escolher a safra dos vinhos?

“A grande maioria dos vinhos podem ser consumidos já”, explica Dudi. “Vinhos que pedem evolução são vinhos especiais e normalmente famosos e mais caros, caso dos Brunello di Montalcino, os Barolo, os Supertoscanos, os Bordeaux de classe, os Riojas de classe, etc. Para um vinho ter potencial de guarda ele deve ter acidez alta e caninos presentes e novos, esse binômio que garante a longevidade de um vinho”.

Para não ficar dúvidas, Lua Sampaio explica que “o vinho tem tempo de vida, passa pela evolução, chega ao clímax, depois vai decaindo até morrer. Na evolução você tem todas as características da bebida, mas nem sempre totalmente equilibradas, quando chega no clímax, as características se mantém, e tem seu apogeu, com camadas de sabor e sensações perfeitas, após esse momento, ele vai perdendo, até chegar no momento em que morre. Todas elas foram embora”.

Ela explica que saber exatamente em que estágio o vinho está é muito difícil, até para profissionais, então para quem não entende nada de vinho a dica da sommelier é se atentar ao tempo que o vinho está na garrafa:

Vinhos brancos, em sua grande maioria, devem ser tomados até 3 anos do ano de produção. Existem vinhos brancos de guarda, mas são uvas mais específicas e normalmente vinhos mais caros.

Vinhos tintos com até 4 anos de garrafa, são mais fáceis de não terem perdido características. Vinhos com mais idade que isso, recomendo olhar, se o vinho passou por madeira, o tempo que passou. Hoje em dia, é fácil achar a ficha técnica no site das vinícolas, ela pode te dar essas informações. Ou o contra rótulo, muitos produtores colocam lá se tem tempo de guarda ou não.

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A temperatura de conservação interfere no vinho?

Sim

É importante ter alguns cuidados na hora de armazenar os vinhos em casa para que eles mantenham todos os sabores. A dica de Didu é que não haja variação de temperatura, além disso “não expor à luz, não ficar próximo de produtos de limpeza e não ficar em lugar quente”.

Lua Sampaio dá uma dica extra que facilitará seu dia a dia: “se você puder ter uma adega climatizada, ótimo. Te facilita na certeza que seu vinho não sofrerá mudanças drásticas de temperatura ou algo assim”, explica. Se você não possuir uma adega, ela explica que o essencial é guardar os vinhos em um local escuro e fresco, como dentro de um armário de madeira, por exemplo. “Aqui no Flua guardamos em cobogós de barro”, conta ela. “Tijolos vazados de cimento também funcionam. Mas se puder ter uma adega, perfeito.”

A Brastemp, por exemplo, tem opções de adegas em diferentes tamanhos, desde 12 garrafas até 51 garrafas! A Adega 12 Garrafas com painel touch conta com controle de temperatura eletrônico, o que facilita a manutenção de uma temperatura ideal para os seus vinhos, propiciando uma boa preservação das suas bebidas.

Agora é hora de abrir bons vinhos

Com essas dicas simples você já pode elevar seu consumo de vinhos para outros níveis. Se você quiser mais informações sobre o tema pode ser a Flua, de Lua Sampaio, lá no Instagram ou acessar o site de Didu Russo.

Além disso, se você quer saber as melhores maneiras de harmonizar os seus vinhos e os seus pratos preferidos, confira o nosso guia simples para você não ter dúvidas na hora das compras!

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