Postado 8 de julho de 2021
Muitas vezes, na hora de escolher um bom vinho, os vinhos nacionais acabam ficando de lado e os rótulos franceses, italianos, portugueses, chilenos e argentinos acabam ganhando a preferência de uma boa parcela dos consumidores. Porém a produção vinícola brasileira está cada vez mais diversa e múltipla e vale a pena inserir os vinhos nacionais em suas compras.
Nos últimos anos, o consumo de vinhos, de modo geral, tem crescido bastante. Em 2020, com o distanciamento social, muitas pessoas passaram a comprar vinhos online e se dedicaram a aprender mais sobre esse universo, com isso aumentou-se a compra e o consumo de vinhos, impulsionando o mercado nacional. Segundo dados da Associação Brasileira de Sommeliers, houve, em 2020, um aumento de 76% na comercialização dos vinhos nacionais.
Para falar mais sobre os vinhos nacionais e a diversidade do nosso mercado, conversamos com a sommelière Lua Sampaio, que é formada pela ABS-SP e trabalha na área de restaurantes desde 2012. Ela já foi garçonete, bartender, maitre, gerente, consultora, e agora tem um bar de vinhos chamado Flua na garagem de casa, onde só trabalha com vinhos e produtos de pequenos produtores. Ela e sua sócia, Renata Figo, trabalham sozinhas, servindo taças e garrafas, explicando um pouco da história de cada vinho, de forma simples e informal.
Já se cantou muito “Yes, nós temos bananas”, mas agora também podemos cantarolar por aí que temos produção de vinhos pelo Brasil todo. “O número de pequenos produtores de vinhos no Brasil não para de crescer”, explica Lua Sampaio. “Temos produção de vinhos em todos os estados do sul, sudeste e em alguns do nordeste. São solos e climas completamente diferentes, que viabilizam uma diversidade enorme nos vinhos”.
Atualmente nós temos diferentes terroirs no Brasil. O terroir é uma expressão francesa que representa todas as nuances que um vinho de determinada região pode conter. Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), sediada na França, o terroir é um conceito que remete as interações entre o ambiente físico e biológico e as práticas enológicas aplicadas naquele espaço, proporcionando características distintas aos produtos originários daquela região.
No Brasil, atualmente, são 26 regiões produtoras de vinho em 10 estados brasileiros. Entre as principais regiões nós temos a Serra Gaúcha (RS) – bastante conhecida pelo seu turismo enológico -, Alto Uruguai (RS), Serra do Sudeste (RS), Campanha Gaúcha (RS), Planalto Catarinense (SC), Vale do São Francisco (BA), Sudeste de São Paulo, e Norte e Sul de Mato Grosso e Minas Gerais.
Com um mercado aquecido, nós temos diferentes tipos de produção dentro do universo de vinhos nacionais. Grandes vinícolas já têm um nome estabelecido no mercado nacional e conseguem criar uma relação distinta com os consumidores, possibilitando desde a venda de bons vinhos e espumantes até a criação de um mercado de turismo em torno das vinícolas, com visitas guiadas e eventos especiais.
Além disso, também possuímos uma gama de novos produtores de pequeno e médio porte que estão trazendo novos olhares e sabores para o mercado. “As redes sociais, o aumento das compras online e empresas de logística estão facilitando o acesso das pessoas a esses produtores”, explica a sommelière Lua Sampaio.
“A quantidade está crescendo e com ela, a qualidade”, completa Lua. “Aos poucos, os brasileiros estão tirando o pré-conceito de que nossos vinhos são ruins, mas ainda falta muito. E, esse é um dos pilares do nosso trabalho aqui no Flua, sempre temos vinhos brasileiros de pequenos produtores na carta.”
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O bar Flua, de Lua Sampaio, é conhecido por trabalhar com vinhos de pequenos produtores, dando atenção aos rótulos que são naturais e orgânicos de diferentes regiões. Mas qual a diferença desses processos de produção? Lua nos esclarece:
“Apesar de não existir no Brasil uma regulamentação oficial sobre o vinho natural, é consenso entre os produtores que um vinho natural é aquele onde não se utiliza nenhum tipo de produto químico para pragas na hora do plantio, ou para conservação, o famoso SO2, além de nenhum artifício mecânico, como por exemplo, controle da temperatura na hora da fermentação, ou o uso de leveduras selecionadas”.
“No vinho orgânico não foi usado nenhum tipo de agrotóxico na hora do plantio, mas o uso de SO2, controle na temperatura da fermentação, dentre outros métodos, podem ser utilizados”, finaliza Lua.
Em resumo, podemos dizer que o vinho orgânico não leva nenhum tipo de pesticida, já o vinho natural não tem nenhum artifício mecânico ou químico na hora de feitura do vinho. Detalhes simples que podem modificar completamente os sabores e as camadas de um vinho e que podem nos surpreender na hora da degustação.
Muitas vezes se pensa que o vinho nacional é de menor qualidade ou menor complexidade, o que é um erro: o mercado brasileiro tem vinho de diferentes linhagens, com uvas diversas e sabores complexos, indo desde vinhos de mesa até vinhos finos.
Além disso, dados da Associação Brasileira de Enologia (ABE) mostram que os vinhos nacionais estão cada vez mais sendo respeitados internacionalmente quando o assunto é qualidade. Nos últimos 10 anos, nossos vinhos ganharam cerca de 4,5 mil medalhas em concursos internacionais!
Segundo Lua Sampaio, para você conhecer e descobrir esses vinhos, “é preciso provar prestando atenção: o que te agrada, o que não te agrada. Bom anotar, tirar foto do rótulo, e assim criar sua ‘biblioteca enológica’”.
Para ajudar nessa busca, Lua separou alguns produtores brasileiros que merecem destaque, que são uma boa porta de entrada para o mercado de vinhos nacionais: Dominio Vicari, Era dos ventos, Arte da Vinha, Casa Viccas, Batalha vinhos, Vivente, Outrovinho, Vinha unna, Cantina Mincarone, dentre outros. Com esses nomes você tem um universo novo para desvendar, não é mesmo?
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Está em busca de novos sabores e quer refinar o seu consumo de vinhos? Nossa dica é que você invista em um adega, como a Adega Brastemp Dual Zone de 33 Garrafas, pois ela possui dois compartimentos com controle de temperatura independentes, para que você possa controlar com mais precisão as temperaturas de seus mais diversos vinhos tintos, brancos ou rosés.
Depois que você já estiver com os seus vinhos na temperatura ideal, nossa sugestão é que você confira o nosso pequeno guia de harmonização de vinhos e assim você possa aproveitar ainda mais as delícias de um bom vinho ao lado de um prato saboroso. Boa degustação!